A defesa de Rocha Loures, ex-deputado (PMDB-PR) e ex-assessor do presidente Michel Temer preso pela Polícia Federal, entrou com pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para ter acesso à “totalidade” das gravações da delação de executivos da JBS. Também é solicitado que não lhe seja imposto “tratamento desumano e cruel” e que não tenha o cabelo raspado.
Loures é acusado de receber R$ 500 mil em propina da JBS em nome de Temer. O suposto suborno seria a primeira parcela de uma propina de R$ 480 milhões a ser paga ao longo de 20 anos, conforme o sucesso das transações da empresa. Temer e Loures são investigados por corrupção, obstrução de Justiça e organização criminosa em inquérito aberto no STF a pedido do procurador-geral Rodrigo Janot.
A defesa de Rocha Loures alega que o “armazenamento de provas” sem o acesso à defesa também configura uma “modalidade positiva de obstrução de Justiça”. Pede também para que o ex-deputado preste depoimento à PF o mais rápido possível, antes da transferência para o Presídio da Papuda, em Brasília.
No pedido, o advogado Cezar Bitencourt diz que a mídia tem divulgado com insistência sobre a transferência de Rocha Loures para Papuda, e que a medida teria “como único objetivo aumentar o constrangimento” e também expor Rocha Loures “ como se fosse um troféu aos famintos que desejam saborear um banquete”.
Ontem, o ex-deputado entrou com habeas corpus no STF pedindo para ser revogada a prisão preventiva que o ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato, decretou contra ele na sexta-feira. A defesa argumentou que Rocha Loures foi vítima de uma “cilada” armada pelo dono da JBS, Joesley Batista. Para o ministro, os crimes atribuídos ao ex-assessor de Temer são gravíssimos.