O presidente Michel Temer chamou nesta segunda-feira (15) de “fantasiosas” as acusações de que teria chefiado reunião onde foi acertado o pagamento de R$ 40 milhões de propina ao PMDB.
Em entrevista a emissoras de rádio, o peemedebista observou, no entanto, que as declarações feitas em delação premiada pelo ex-executivo Márcia Faria “pegaram” e que agora devem ser apuradas.
O ex-presidente da Odebrecht Engenharia Industrial disse que o presidente estava na cabeceira de encontro em 2010 no qual o montante foi acertado.
Em outra delação premiada, o ex-executivo Rogério Araújo, também da Odebrecht, disse que o presidente “assentiu” e deu a “bênção” aos termos do acordo.
“Essa coisa de que sentado em uma cabeceira, fazendo reunião de mafiosos, e R$ 40 milhões? É muita coisa. Realmente, são coisas fantasiosas, mas que pegaram, porque se divulgou muito. Isso tem de ser apurado ao longo do tempo”, disse Temer.
O presidente afirmou ainda que os oito ministros contra os quais foi solicitada a abertura de inquérito no rastro da Operação Lava Jato são “da maior suposição administrativa” e de “competência extraordinária”.
“As informações são de uma pessoa que falou com ciclano sobre beltrano. Isso está com a Polícia Federal. Ministério Público e Poder Judiciário”, disse.
Segundo ele, as acusações contra a gestão peemedebista não podem paralisar a máquina pública.”Às vezes, me perguntam se não vou paralisar o governo porque João falou de José. Não, não vou. São coisas que competem ao Poder Judiciário”, disse.
Em dezembro, a Folha de S.Paulo revelou que Faria havia citado a participação de Temer em 2010 em uma reunião para tratar de doações à campanha eleitoral do PMDB daquele ano em troca de facilitar a atuação da empreiteira em projetos da Petrobras.
O contrato era no âmbito do PAC SMS, da segurança ambiental da estatal em dez países. A Odebrecht Engenharia Industrial, presidida à época por Faria, era responsável pelos contratos de prestação de serviço do projeto para a área de negócios internacionais da Petrobras.
No despacho que pede abertura de investigação sobre o tema. a Procuradoria Geral da República poupa Temer, citando artigo da Constituição Federal que veda a investigação do presidente na vigência de seu mandato sobre atos estranhos ao exercício de suas funções.