O ex-ministro Ciro Gomes (PDT) afirmou nesta segunda-feira (8) que as intenções de voto no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência cresceram por que o petista é “em parte um perseguido político”.
“A população brasileira está achando, parte importante dela, que ele é um perseguido político. E em parte é mesmo. E o povo brasileiro odeia perseguição. E o Lula é campeão de entender a psicologia popular e está assumindo esse lugar”, afirmou Ciro, também pré-candidato pelo PDT, após palestra na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instado a comentar o que ele não considera injustiça, afirmou: “Você escreve”.
Lula é alvo de cinco ações penais decorrentes da Operação Lava Jato e vai depor nesta quarta-feira (10) ao juiz Sérgio Moro como réu. Apesar dos processos, as intenções de voto no petista subiram de acordo com a última pesquisa Datafolha.
Ciro fez críticas ao ex-presidente em sua palestra a universitários. Afirmou que o petista integra o que chamou de “sindicato de políticos” que agem pelo “fim da Lava Jato”, mencionando como membros do “grupo” o senador Renan Calheiro (PMDB-AL) e o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
O pedetista fez uma veemente defesa da preservação das empreiteiras envolvidas na Lava Jato. Afirmou que é necessário firmar o mais rápido possível acordos de leniência que permitam que as atividades das companhias voltem ao normal. E disse que Lula, acusado de ter recebido vantagens indevidas da Odebrecht e OAS, não teria condições de comandar esta retomada.
“Uma das coisas que têm que fazer é a leniência e restaurar a capacidade da engenharia nacional brasileira voltar a intervir. Imagina se o Lula vai poder fazer isso? Chamar a Odebrecht e: ‘Vem cá, vamos fazer acordo de leniência’. […] Empresa não é corrupta. Corruptas são as pessoas que têm que pagar na proporção justa naquilo que fizeram. Não podemos cair nessa estupidez de destruir um setor em que o país tem protagonismo global, que é a construção civil, e gerar déficit em transações correntes com o estrangeiro também em serviços”, disse ele.
O ex-ministro criticou também a Petrobras por ter convidado empreiteiras estrangeiras para concluir as obras do Comperj.
“Não se justifica isso. O pretexto moralismo não guarda a menor coerência. Pesquise nas praças dessas 17 empresas se elas respondem ou não por escândalos. Todas respondem”, disse ele.
O pedetista voltou a afirmar que a eventual candidatura de Lula seria um “desserviço” ao país por intensificar a polarização política. E afirmou ver como “apologia à ignorância” a ascensão de nomes sem currículo político, citando Flávio Bolsonaro (PSC).
Ele afimou que parte das reformas promovidas pelo governo Michel Temer terão de ser revistas.
“Parte delas deverá ser revertida por absoluta insustentabilidade física. A PEC 55 [teto de gastos], em três, quatro anos, se revelará absolutamente impraticável. Reforma trabalhista dá para resolver, num governo forte, eleito com base popular, revoga fácil por ser infraconstitucional [exigir maioria simples no Congresso]. A reforma da Previdência a batalha é agora, porque seria muito difícil ter dois terços para mudar”, disse ele.