A Procuradoria-Geral de Justiça do Rio Grande do Norte disse que o deputado estadual Ricardo Motta (PSB) tentou comprar o silêncio de Gutson Bezerra, apontado pelo Ministério Público como o principal responsável pelo esquema que desviou R$ 19 milhões do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) entre janeiro de 2013 e dezembro de 2014.
De acordo com documento encaminhado pelo Ministério Público ao desembargador Glauber Rêgo e obtido pelo jornal Tribuna do Norte, Gutson Bezerra, que fez um acordo de delação premiada, contou que, enquanto estava preso, recebeu a visita de Jorge “Fuleiro”, que teria oferecido a ele R$ 50 mil para omitir o envolvimento de Ricardo Motta na fraude.
À Inter TV Cabugi, o advogado de defesa do deputado, Thiago Cortez, disse que vai se posicionar sobre o assunto nos autos do processo, mas que a acusação de Gutson Bezerra é uma “mentira absurda” e que Ricardo Motta nunca teve contato com o delator.
Em depoimento prestado no ano passado, Gutson Bezerra acusou o deputado de ficar com 60% dos desvios do Idema, ou seja, R$ 11,4 milhões. Vinte por cento teriam ficado com o próprio delator e os outros 20% teriam sido rateados entre outros dois ou três réus do processo. O deputado negou a acusação.
Ricardo Motta também é suspeito de chefiar um esquema criminoso, investigado na Operação Dama de Espadas, que desviou recursos públicos da Assembleia Legislativa do RN através de “servidores fantasmas”. De acordo com o Ministério Público, o rombo nos cofres da AL pode passar de R$ 5,5 milhões. Sobre essa denúncia, a defesa disse que “só vai se pronunciar após ter acesso não só à denúncia mas também às provas”.
Ainda segundo a Procuradoria, o deputado teve acesso a informações sigilosas relativas a medidas cautelares solicitadas pelo Ministério Público ao Tribunal de Justiça do RN e que poderiam ser usadas interferir da investigação. O MP pediu o afastamento de Ricardo Motta do cargo de deputado estadual.