O Ministério Público Federal (MPF) fez mais uma denúncia — a sexta — contra o ex-governador Sérgio Cabral. Foi denunciado também o doleiro brasileiro preso no Uruguai Vinícius Claré, o Juca Bala, e mais oito pessoas do grupo do ex-governador do Rio, como mostrou o RJTV desta quarta-feira (8).
A denúncia é um desdobramento da Operação Eficiência, que prendeu o empresário Eike Batista, e investiga crimes de lavagem de dinheiro de US$ 100 milhões – mais de R$ 300 milhões. Os valores foram distribuídos em 10 contas em paraísos fiscais no exterior. A denúncia do MPF vai ser analisada pelo juiz da sétima vara federal criminal, Marcelo Bretas.
O MPF acusa Vinicius Claret, conhecido como Juca Bala, e o sócio dele, Claudio de Souza, conhecido como Tony ou Peter, de serem doleiros que ajudaram a movimentar esse dinheiro no esquema chegiado pelo ex-governador do Rio, Sérgio Cabral.
Os investigadores dizem que Claret e Claudio movimentaram ao menos US$ 85 milhões desviados dos cofres do Estado do Rio. De acordo com o MP, os doleiros integram organização criminosa e tinham contato estreito com a empresa Odebrecht.
Além de enviar dinheiro para o exterior, os procuradores descobriram que Vinicius Claret e Claudio de Souza também traziam recursos de fora para o Brasil. Segundo a denúncia, entre 2011 e 2014, eles fizeram com que US$ 3 milhões de propina da Odebrecht viessem de offshores da construtora para as mãos do ex-governador.
Sexta denúncia
Essa é a sexta denúncia contra Cabral. Ele já é réu em 3 processos da Lava-Jato. Além do ex-governador do Rio, também foram denunciados Vinicius Claret, Claudio de Souza e outras seis pessoas. Entre elas, o ex-secretário de governo, Wildon Carlos, o operador financeiro do esquema, Carlos Miranda, e os irmãos doleiros Renato e Marcelo Chebar.
Eles são acusados pelos crimes de corrupção passiva, organização criminosa contra o sistema financeiro nacional e de lavagem de dinheiro. Claret foi acionado pelos irmãos Chebar para ajudar a movimentar o grande volume de dinheiro de Cabral no exterior.
Os repórteres Carlos de Lannoy e Arthur Guimarães foram até o balneário uruguaio de Punta del Este e descobriram o paradeiro de Juca Bala. Lá, ele aparece como sócio no contrato de criação da Paddle Board Uruguay. A empresa faz importação, exportação, representação e venda de material esportivo.
A reportagem do Jornal Nacional, mostrou que Juca Bala não usava o número de telefone preso na porta da loja dele apenas para vender pranchas. Era também o contato do doleiro com o setor de operações estruturadas da Odebrecht, mais conhecido como departamento de propina.
O número do celular da loja de pranchas é o mesmo que aparece na agenda de Maria Lúcia Tavares, ex-secretária da Odebrecht que, em acordo de delação, ela revelou como funcionava o esquema de propina na Odebrecht.