Apresentador de principal jornal da Fox News é demitido após denúncias de assédio sexual

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Pelo jeito não só no Brasil a mídia começou a tomar atitudes mais assertivas em relação a casos de assédio. No período de um ano, a Fox News já demitiu dois de seus profissionais de alto escalão após denúncia de que eles teriam cometidos o crime contra colegas da equipe.  A emissora anunciou nesta quarta-feira, 19, a demissão do jornalista Bill O’Reilly, que esteve por 21 anos na empresa. Ele era âncora do programa The O’Reilly Factor, líder de audiência no horário nobre entre os canais de notícias dos EUA. Em comunicado, a Fox informou: “Após uma longa e cuidadosa revisão das alegações, a empresa [21st Century Fox] e Bill O’Reilly entraram em um acordo, e o jornalista não retornará ao canal Fox News”.

Mesmo após a demissão, O’Reilly continuou negando as acusações. “É um desalento tremendo que nos separemos devido a reivindicações completamente infundadas, mas essa é a realidade infeliz que muitos de nós, no olho público, devemos viver hoje em dia. Eu sempre vou olhar para o meu tempo na Fox com grande orgulho no sucesso sem precedentes que nós atingimos e com a minha mais profunda gratidão a todos os meus espectadores dedicados. Desejo apenas o melhor para Fox News”.

O’Reilly, de 67 anos, recebeu a notícia enquanto esperava um voo de volta para os Estados Unidos depois de passar férias na Itália. Seus representantes disseram que ele estava “resignado” à demissão, tendo monitorado as negociações sobre sua saída nos últimos dias. O apresentador não estava diretamente envolvido nas discussões com a família de Rupert Murdoch, que controla a Fox e a 21 Century Fox. Quem conduziu as negociações foi o advogado dele, Fred Newman.

No começo do mês, o presidente Donald Trump havia defendido o apresentador durante uma entrevsita no Salão Oval a repórteres do The New York Times. Segundo o magnata, O’Reilly é “uma boa pessoa”. “Eu não acho que Bill fez nada de errado”, declarou.

O caso

Segundo investigação publicada pelo jornal New York Times em 1º de abril, O’Reilly teria pago U$ 13 milhões (equivalente a R$ 40 milhões) para que cinco mulheres, entre funcionárias e convidadas, não o denunciassem por assédio sexual. Desde a publicação do jornal, mais de 50 empresas deixaram de anunciar no programa de O’Reilly.

A decisão pelo desligamento do jornalista veio de uma geração mais nova, a dos também empresários e filhos de Ruppert Murdoch, o patriarca da Fox News, uma das principais empresas de notícias do mundo.

Os Murdochs estavam cientes das acusações contra O’Reilly quando renovaram o contrato com o comentarista para um período de três anos por US$ 18 milhões a cada ano. Na preparação da reportagem, jornalistas do New York Times tinham enviado aos executivos da Fox uma longa lista de perguntas, colocando os altos executivos em alerta meses antes da publicação.

A perspectiva de que as acusadoras – que fecharam acordo de indenização e sigilo – não falariam de nada levou a companhia a acreditar que O’Reilly poderia se manter no cargo. Mas uma sexta suposta vítima, Wendy Walsh, pode ter mudado o rumo da história.  Como não fechou nenhum acordo, Walsh estava livre para falar em público sobre suas alegações de assédio. Ela fez isso repetidas vezes, colocando seu nome, rosto e voz nas alegações em veículos de mídia.

Duas vezes

Em julho de 2016 o fundador e então presidente do canal, Roger Alias, foi demitido após ter se envolvido em outro escândalo de assédio sexual. Ele recebeu U$ 40 milhões (R$ 125 milhões) de multa rescisória.

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