A Câmara Municipal de Natal realizou nesta sexta-feira (15), uma audiência pública em alusão à campanha “Dezembro Vermelho”, mês de conscientização e combate do HIV/Aids. Através de uma proposição do vereador Daniel Valença (PT), o encontro reuniu profissionais da saúde, gestores públicos, ativistas e representantes de ONGs que atuam na causa.
O vereador destacou que a inciativa foi importante para dar visibilidade a esse mês de combate ao HIV e AIDS. “E também para que o Executivo Municipal e o Estadual trouxessem explicações sobre as políticas públicas, os gargalos e como nós podemos atuar nessa pauta. Combater o preconceito e o estigma é fundamental”, disse ele.O números de infecção têm surpreendido. Segundo Tayane Souza, coordenadora do Núcleo Municipal de IST/Aids e Hepatites Virais da SMS Natal, somente neste ano, a capital potiguar confirmou 474 novos diagnósticos positivos de infecção por HIV. “São resultados preocupantes e alarmantes. Hoje estamos com quase 5 mil pacientes em tratamento, com os casos aumentando, mesmo a gente fazendo o trabalho de prevenção e orientação, distribuição de preservativos e ações nas unidades básicas de saúde, inclusive com as unidades da PreP”, relatou.A PreP (Profilaxia Pré-Exposição) é um tratamento com medicamentos que permite ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o vírus do HIV/Aids.O tratamento para quem convive com o vírus evoluiu ao ponto do paciente se tornar indetectável. Além disso, há um esforço para evitar também a infecção vertical de mulheres gestantes para seus bebês. “O Estado segue as diretrizes do Ministério da Saúde, que segue as da OMS. Os pacientes que convivem com o vírus podem ser indetectáveis e ter uma qualidade de vida. Trabalhamos também para evitar a transmissão vertical de mulheres gestantes com HIV e Sífilis”, declarou o diretor do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LAIS/UFRN), Ricardo Valentim.O médico infectologista Antônio Araújo, do Hospital Giselda Trigueiro, referência no tratamento de doenças infectocontagiosas, defendeu que a unidade passe a ser porta aberta para o atendimento de urgência de pacientes acometidos por doenças oportunistas. Além disso, reforço nas ações de prevenção.”Sabemos as dificuldades que as UPAs enfrentam e por isso os pacientes em urgência não deveriam ser encaminhados para essas unidades. O hospital deveria ser porta aberta. Temos que fazer as prevenções em locais específicos, como nas escolas, presídios e na população em situação de rua. Há um grande risco entre a população heterossexual, diferente do que se pensava na década de 80, quando se associava a doença ao público LGBT”, declarou o especialista.