Manter os órgãos de um corpo onde já não há mais vida, aptos para a realização de um transplante, é uma tarefa difícil e que requer cuidados e observação constantes. Sabendo disso, o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel (HMWG), adquiriu um monitor multiparâmetro para a Organização de Procura de Órgãos (OPO). O dispositivo mede e acompanha todos os sinais vitais (pressão arterial, temperatura, frequência cardíaca e saturação) – em potenciais doadores, evitando por um período maior que o usual, a iminente parada circulatória.
A coordenadora da OPO, Suzelle Freitas, esclarece que a parada circulatória é inevitável e sempre irá acontecer. E, ao ocorrer (em um período de 12h até 72h após constatado a morte encefálica) inviabiliza a utilização de qualquer órgão para transplante. “Por essa razão, manter o paciente com os sinais vitais estáveis, mesmo após contatada a morte cerebral, é tão importante”, revela.
O critério para início do monitoramento é que o paciente apresente lesão neurológica grave com rebaixamento do nível de consciência (em uma escala de 0 a 15) menor que 6.
Suzelle explica como funciona o aparelho: “Ele acompanha os sinais vitais do potencial doador e identifica precocemente se a pressão (ou outro sinal) cair, por exemplo. Dessa forma podemos intervir rapidamente”. Ainda sobre o monitor, a coordenadora diz que “ele nos fará ganhar tempo. E, quando se trata de transplantes, tempo é fundamental”.
A diretora geral do HMWG, Maria de Fátima Pinheiro, diz que o Walfredo Gurgel é o hospital onde mais se identificam potenciais doadores para transplantes em todo o Rio Grande do Norte (RN). “O perfil do hospital e a gravidade dos pacientes contribui para isso”, afirma.
Dos mais de 10 pacientes potenciais doadores identificados no HMWG pela organização, durante o mês de março, sete foram monitorados e tiveram seus órgãos captados e transplantados.
O monitor também atende a outros serviços de saúde, onde haja potenciais doadores. Já no início desse mês, o aparelho foi levado para o Hospital de São José do Mipibú. O acompanhamento do doador possibilitou a captação e o transplante de córneas, coração, fígado e rins.