A nadadora Joanna Maranhão nunca guardou para si o seu descontentamento com a gestão da natação do Brasil pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos. Finalista olímpica com apenas 17 anos, nos Jogos de 2004, em Atenas (Grécia), a pernambucana sempre atacou os problemas da entidade e a forma desigual com que considerava que os atletas eram tratados. Com a prisão preventiva do presidente Coaracy Nunes e mais três dirigentes acusados de envolvimento em um esquema de corrupção na CBDA, em abril, Joanna disse sentir um alívio e aponta a chance de que mudanças podem estar por vir no esporte.
– Nós não fomos respeitados nos últimos 30 anos e agora estamos vendo o tamanho do buraco. Se não agirmos como um time, ver que tem que acabar essa coisa de uns receberem 20 mil e outros dois meses de 2 mil, de um que vai de executiva e outro de econômica, e técnico-chefe que é técnico de clube. Precisamos mudar tudo isso. Hoje em dia eu me sinto muito aliviada, é um alívio muito grande esses caras estarem presos. Essa é minha luta, minha bandeira. Espero que daqui a quatro anos, nós, atletas federados, tenhamos direito de voto. Tem muita coisa para mudar – disse´.
O Ministério Público Federal em São Paulo denunciou Coaracy Nunes, três diretores da entidade, além de quatro empresários ligados ao esporte, sob a acusação de terem formado uma organização criminosa para desviar recursos dos esportes aquáticos brasileiros – o MP estima desvios na casa de R$ 40 milhões. Nunes comandava a CBDA desde 1988.
Joanna conta que, apesar dos pódios, nunca sentiu o retorno devido da CBDA. A nadadora conta que se preparou para as Olimpíadas do Rio com menos apoio da entidade do que esperava, contando basicamente com a ajuda do seu clube na época, o Pinheiros. Hoje, ela defende a Unisanta, de Santos (SP).