Durante o depoimento ao juiz Sergio Moro na tarde desta quarta-feira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas à ex-presidente Dilma Rousseff, e, contrariando a tese do PT de que ela sofreu um golpe, atribuiu a saída do poder à inabilidade política de sua sucessora. Confrontado com a informação de que havia feito um churrasco para políticos na Granja do Torto, no qual, supostamente, havia negociado propina, Lula negou qualquer negociação corrupta, mas afirmou que era sua prática encontrar-se com parlamentares:
— Eu fazia reunião sistemática com os líderes (partidários). Se a presidente Dilma tivesse me seguido, não teria havido impeachment — afirmou.
Dilma ficou conhecida por não abrir agendas para receber parlamentares no Palácio do Planalto. Ela considerava perda de tempo barganhar com os políticos da base aliada e preferia se dedicar aos relatórios técnicos produzidos pelo seu gabinete ministerial.
Um levantamento feito pelo jornal Valor Econômico na agenda de Dilma mostrou que em seis anos de mandato, ela recebeu apenas 66 visitas de deputados ou senadores, enquanto que seu vice e sucessor, Michel Temer (PMDB), esteve com 72 políticos em apenas 90 dias.
Lula ainda ressaltou a importância de o presidente ser capaz de delegar tarefas, mais uma crítica, comumente feita a Dilma, que era conhecida por ser demasiadamente centralizadora. Nesse caso, no entanto, ele não fez uma crítica direta à petista. Dilma esteve com Lula antes e depois do depoimento, em Curitiba.