A Secretaria Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres (SEMUL) encara com preocupação o levantamento divulgado esta semana pelo Observatório da Violência Letal Intencional do Rio Grande do Norte (Obvio) referente ao número de assassinatos de mulheres ocorridos de janeiro a abril.
Natal lidera o ranking de mortes de mulheres em decorrência de condutas violentas letais intencionais, com 11 casos registrados do início do ano até agora. No mesmo período do ano passado também foram registrados 11 assassinatos de mulheres na capital potiguar.
Em todo o estado, o número de femicídios (assassinatos de mulheres não relacionados ao fato de serem mulheres) chega a 36 de janeiro até agora: um aumento de quase 40% em relação ao mesmo período do ano passado. O número de mulheres assassinadas no Rio Grande do Norte ultrapassou o dobro em pouco mais de 40 dias. Nessa quarta-feira 19, quatro mulheres assassinadas. Já os feminicídios (assassinatos de mulheres por serem mulheres) foram seis. Dois a menos do que os casos registrados em 2016 no mesmo período.
Esta redução, para a coordenadora do Departamento de Enfrentamento à Violência contra a Mulher da Semul, Ana Cláudia Mendes, pode ser considerado um resultado positivo, no entanto, não reflete o contexto geral da violência contra a mulher. “Observamos que os casos de assassinatos de mulheres como um todo estão relacionados ao fato de elas estarem envolvidas em relações violentas, que têm, em sua maioria, o tráfico de drogas como cenário”, aponta.
Em relação à violência doméstica especificamente, a coordenadora toma como referência os números dos atendimentos realizados pelos equipamentos da Semul que atendem às mulheres nesta situação: Centro de Referência Elizabeth Nasser e Casa Abrigo Clara Camarão. Os atendimentos da Casa Abrigo já ultrapassam em 13% os números referentes ao mesmo período do ano passado.
“Este aumento tanto pode ser um reflexo de que as mulheres estão mais encorajadas a procurar ajuda, quanto pode significar aumento real da violência doméstica. Em relação especificamente às mulheres que são abrigadas, por serem potenciais vítimas de feminicídio e ficarem sob nossa proteção, estão deixando de entrar para essas estatísticas de assassinatos e isso pode ser considerado como um dado otimista”, analisa.
Porém, para Ana Cláudia Mendes, ainda há muito o que ser feito para que os resultados sejam de fato positivos no que se refere à violência contra a mulher. “Por se tratar de um serviço intersetorial, as respostas precisam ser mais ágeis em relação às demandas que as vítimas nos trazem, direta ou indiretamente. É importante ficarmos alertas e atentas a estratégias que visem não apenas a redução dos números, mas almejar o índice zero de feminicídio”, projeta.