Marcelo Odebrecht teria pressionado a então presidente Dilma Rousseff, entre novembro e dezembro de 2014, a reagir para tentar proteger o governo e a empreiteira. O executivo entregou um documento ao MPF, que contém uma recado dele à presidente eleita, que teria sido passado pelo governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel. “Ela cai, eu caio”, diz a anotação.
De acordo com relato do delator João Carlos Nogueira, ex-diretor de Crédito à Exportação da Odebrecht, Marcelo teria ido a Belo Horizonte no dia 17 de dezembro de 2014, para se reunir com o então governador eleito, levando documentos que provariam repasses em caixa dois da empresa à campanha da chapa Dilma-Temer à presidência. As informações são do jornal Valor Econômico.
“Sempre alertei a presidenta e as pessoas que eu procurei, mesmo sem tomar consciência do tamanho da exposição. Eu sabia da dimensão do nosso caixa dois. Eu sabia que tinha ido muito caixa dois para o João Santana”, disse Marcelo na delação.
Já Nogueira contou que Marcelo teria pedido para Pimentel conversar com Dilma. “Mostrar que tinha documentos que implicavam o governo federal na crise, para catalisar uma atitude do governo, que não tinha acontecido.”
A intenção da Odebrecht com este movimento seria fazer com que o governo desse apoio à iniciativa da Engevix para tirar os processos da Justiça Federal de Curitiba e levá-los ao Supremo. “Essa contestação de competência talvez pudesse, não melar [Operação a Lava-Jato], ninguém tinha essa esperança, mas seria menos traumático. Era um controle de danos”, contou Nogueira.