Quando pediram para que a irmã Francisca cuidasse da alimentação do grupo de homens que reformavam o convento onde vivia enclausurada no coração de Santiago, no Chile, não tinha ideia do quanto aquilo mudaria sua vida.
Ela resume o que ocorreu em três palavras: “Começou meu calvário”, segundo a emissora local TVN.
Tudo ocorreu em 2012, quando a madre superiora autorizou um grupo de homens a dormir no convento onde trabalhavam. Francisca cuidava deles.
Mas certo dia, aproveitando que ela não se sentia bem – segundo conta a religiosa -, um dos homens, Hernán Rios Valdivia, a levou para um quarto e a estuprou.
Foi “um golpe assustador que mudou a minha vida”, relembra ela hoje.
Traumatizada e com medo de que ninguém acreditasse na história, irmã Francisca não contou para ninguém o que havia acontecido.
“Como mulher, me senti incapaz de falar, com medo de não acreditarem em mim e fazer ameaças. E eu preferia ficar quieta”, diz.
Mas, três meses depois do ataque, ela descobriu que estava grávida. No convento, a notícia não foi bem recebida.
“Fui caluniada, disseram que era culpada e que fiz aquilo de propósito”, conta a freira.
“Eu implorei dizendo que era inocente. Minhas irmãs foram muito cruéis comigo.”
Desde então, a encarregada do convento passou a pressioná-la para que deixasse o hábito e assinasse sua demissão “voluntária” da ordem. No entanto, Francisca se negou.
Como ninguém acreditou em sua versão – e até chegaram a acusá-la de roubo, de acordo com o seu testemunho -, Francisca decidiu deixar o convento.