Em conversa gravada pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS, o presidente Michel Temer afirmou que não acredita que será cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) porque, segundo ele, os ministros da Corte têm “consciência política”.
O julgamento que analisa a cassação da chapa eleita em 2014, em que Temer era vice da então presidente Dilma Rousseff (PT), foi marcado para o início de junho pelo ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE. Recentemente, Temer indicou para o Tribunal os ministros Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira em duas vagas que foram abertas.
Joesley, que firmou um acordo de delação premiada já homologado pelo Supremo Tribunal Federal, levou um gravador para um encontro com Temer no Palácio Jaburu, em março. O empresário questionou o presidente sobre a situação no TSE. Caso perca o mandato, Temer ainda poderá recorrer ao próprio Tribunal e ao STF.
— É um troço meio maluco, eu não sei o que vai levar. Primeiro que eu acho que não passa o negócio da minha cassação, isso não passa, porque eles (ministros) têm uma consciência política. Sabe, porra, mais um presidente… (inaudível). Tem também a improcedência da ação. (inaudível) E tem recurso no TSE, recurso no Supremo… Isso aí já terminou o mandato — disse Temer, que fez uma referência indireta ao impeachment de Dilma.
O STF determinou a abertura de um inquérito para investigar a atuação de Temer. Para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o presidente deu “anuência” quando Joesley afirmou que estava pagando propina mensalmente ao ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB). Em pronunciamento na quinta-feira, Temer afirmou que não vai renunciar ao cargo.